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Sem alça e sem rodinha - Márcio Barker Retirado de http://migre.me/tBt49 |
De repente, não mais que de repente, ele aparece.
O perfume logo o denuncia. É forte, doce, impregnante.
Outro indício: o abraço demorado e forte, tipo quebra-costela e bafo na orelha.
Ah, sim. E se houver beijo, é do tipo bem babado.
Ele sempre chega de repente, de imprevisto, nas piores horas.
E raramente se apercebe do passar do tempo.
Parece ter um assento de chumbo, pois nunca se levanta.
O fôlego é extraordinário, pois desconhece a boa utilização do ponto, e da vírgula.
Fala sem parar. Assuntos, infinitos.
Graça? Só das próprias piadas...geralmente infames.
Olhos irrequietos. Ziguezagueantes.
Durante os seus monólogos regados a perdigotos, as mãos buscam freneticamente os botões da camisa do interlocutor.
Usa relógio...mas nunca o consulta.
Aceita cafezinho, lanche, almoço e janta.
Pródigo em comentários infames expõe a falta de tato, delicadeza e sobriedade.
Gargalhadas imensas colocam a nu, sua suscetibilidade ao humor...de gosto duvidoso.
Mas o pior, é que o personagem geralmente é do tipo ´´bonzinho´´.
E, para finalizar, repentinamente, ele chega perto de você, e dispara: ``Escuta, você tem aí uma nota dez para me emprestar?´´
Hummm...naturalmente um dez que você nunca mais verá...
Seja sincero...é duro, não???