Naquele
velório...
Márcio
Barker
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Naquele
velório, o entre e sai continuava
Detalhe:
os que saiam, levavam garrafas vazias.
Os
que entravam, garrafas cheias.
E
pelos cantos, piadas do tipo:
``...nervosa,
a moça ofereceu um pacote de
pipocas para o índio, e perguntou:
Indio
quer pipoca?
E
o índio respondeu:
Não. Índio quer popica''
E,
quáquáquáquáquá!!!
E
a roda se abre, desmanchando-se em gargalhadas.
Naquele
velório, ao fundo, uma alegre banda de dixieland, bem ao gosto dos
cabarés pecaminosos de New Orleans. Irreverente, brincalhão,
induzia os pares se espalharem pelo salão.
Haviam
aqueles que preferiam o maxixe e o choro, que outro grupo executava.
Os
canapés, salgadinhos e apetizeres vários, eram algumas das
estrelas do momento.
Diferentes
molhos,maioneses aguçavam tanto o apetite, quanto a alegria do
pessoal.
Paqueras,
olhares insinuantes, mãos nada bobas, corriam soltas.
Prometiam
altos ''programas''...hummmm...
Naquele
velório, não faltaram histórias do falecido.
Meigas,
emotivas, cabeludas, safadas, irreverentes, sem vergonhas.
Em
especial os últimos três itens
Foi,
sem dúvida, um cara feliz.
Feliz,
pelo desavergonhado que sempre foi.
Feliz
porque sempre disse o que pensava.
Feliz,
porque sabia que era um safado, e disso se orgulhava.
Feliz
porque soube calar a boca da inconveniente e ditatorial consciência.
Às
vezes olhavam para ele.
Não
rolavam lágrimas...mas sobravam sorrisos maliciosos.
Não
havia choro, muito menos vela.
Haviam
lembranças, sempre regadas a boas gargalhadas.
A
entrada era franca.
Em
especial para os vira-latas que por ali perambulavam.
Parecia
que todos sabiam quem estava lá.
Por
quem brincavam e dançavam.
Por
quem riam, gargalhavam entre as muitas recordações,as vezes de
corar.
Por
quem fez da irreverência, seu credo.
Naquele
velório, celebrava-se a vida.
Não
o lamento pelo seu término
Naquele
velório,
o defunto serei eu.