quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Pouca Porcaria


  Pouca porcaria
Márcio Barker


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Quando menino...

...eu olhava lá longe, e já tinha o roteiro pronto.
Os anos de secundário seriam repletos de louvor.
Nem tanto...mas não foram pouca porcaria...
não, não.
No colegial, me sairia bem...
.sim, fui bem melhor.
Já teria os olhos na próxima etapa.
E, mais ou menos a duras pena, fui para a Universidade.
Que bom!!!
Longe de ser pouca porcaria.
Os anos seriam brilhantes.
E até que foram...
Sim,o caminho estaria aberto.
Seria reconhecido.
Sim! Porque seria competente, esforçado, incansável.
Eu chegaria lá, teria o futuro em minhas mãos.
Eu conquistaria mundos e fundos.
Iria até a montanha...e seria capaz de trazê-la comigo.
Ah, sim. Tudo isso só usando o conhecimento, a bondade, a honestidade (que meu pai tanto falou pra mim).
Sim, eu chegaria lá, porque mereci, porque era leal aos meus princípios....
...princípios que nunca foram pouca porcaria.

Quando já meio velhinho...

...olho ao meu redor...
Princípios? Tive sim...mas não cheguei lá.
Nem com o conhecimento, bondade e honestidade (da qual meu pai tanto falou pra mim).
Nem eles me deram capacidade para trazer, ou ir até a montanha.
E, mesmo que competente, esforçado e incansável,
não cheguei lá, e não vi o mundo em minhas mãos.
E, pelo reconhecimento que me faltou,
assim também por incapacidade minha,
os anos não foram brilhantes.
Daí chego a conclusão, que estou ainda lutando...
...para não ser uma pouca porcaria!!!



terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Despedida


 Despedida
Márcio Barker


blogjatefale


Era um olhar que me dizia tanto...
Hoje não diz quase nada...
Sem vida, sem brilho...
Onde está?
Teria existido?
Teria sido um engano meu?
Um equivoco esperançoso?
Não sei.
Era um rosto lindo, que me emocionava tanto...
Hoje um rosto burocrático.
Duro.
Inexpressivo.
Um rosto qualquer...
...não mais aquele rosto.
As mãos que seguravam as minhas.
Onde estarão?
Eu as enxergo...mas não as vejo...
pior...
não as sinto.
Onde se esconde, ou onde estará, a vontade de acariciar?
Eu olho para você...e penso que você nunca existiu.
Miragem.
Equivoco meu.
Desejo de ter, o que não tinha...o que nunca teve.
Desejo de ter um amor....que de fato fosse amor!!!
Mas...
Outra vez, o engano.
Nâo, o desengano.
O desamor.
A tristeza.
Acho que você nunca existiu.
Nada mais resta do que uma nova e triste despedida.
Fazer o quê?
Quem sabe minha existência  ainda seja suficiente,
para um dia encontrar um rosto verdadeiro...