segunda-feira, 28 de outubro de 2024

 


                                                              Pieguices



                                                                       Márcio Barker


Na mesa, duas xícaras.
No ar, o aroma mágico do café recém servido.
Do lado de cá da mesa, um olhar sereno, simples.
Do lado de lá...um ligeiro sorriso.
Na calçada, a caminhada tranquila,
uma simples caminhada.
Mãos dadas...olhares doces.
Sorrisos esboçados.
Desse lado de um banco na rua, desejos pequenos.
Do lado de lá, do mesmo banco, os mesmos desejos simples.
Desse lado, bate um coração,
do mesmo modo que bate o outro coração do lado de lá.
Pulsarão até a eternidade,
movidos pela grandeza da simplicidade de cada dia.
E pela infinita amizade de cada segundo.

As vezes é bom ser piegas.

Acho que, de vez em quando,  a pieguice  até ajuda a dizer as coisas


terça-feira, 8 de outubro de 2024

                                                                           Sonho

                                                Márcio Barker

Christian Barker

E lá ia eu, calçada a fora.

Passos largos, a todo vapor.

Chegar logo, era preciso!!!

Coisas a resolver, corrida contra aquele carrasco implacável: o relógio!!! Como não gosto dele e, ironicamente, tenho um, todo reluzente, no meu pulso esquerdo. Vai entender.

Os meus sentidos, todos desligados, caminho no automático, completamente surdo, a bagunça em minha volta. Sim!!! Chegar, era preciso! Com um detalhe, na hora!! Maldita hora!!! Quem inventou isso? E, na rua, minha horrível marcha continuava...marcial, desesperada, angustiada...e, de segundo em segundo, o pulso esquerdo se lavanta, para ver que horas são!

Mas, no meio da terrível balburdia, da rua, de repente algo se destaca. Sim! Minha marcha cessa, o desespero, a angustia neurotica, horrorosa, simplesmente cessou!!!

Desligo meu desespero, e abro os olhos.

Na minha frente, desafiando o tráfego, vejo meu cachorro “Boris”, numa bicicleta, liderando uma colorida passeata. Atrás dele, um palhaço colorido, brincando com bolas, também coloridas. Na rua, vários girassóis. Eu não vi, mas tinha ainda, uma banda...simples... pequena, mas alegre.

Do meio da rua, eles me chamaram. Engraçado, não hesitei. Entrei naquela alegria, esquecido de tudo.

Daí, acordei! Mas juro que não fiquei com pena por ter acordado. Acordei bem, com um enorme sorriso colorido e de alegria.

Sou um privilegiado por ter sonhos assim. Não é?