segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Um Conto Azedo

             
 Um Conto Azedo
Márcio Barker




Comendo pão com sardinha, eu estava pensando.
Daí, você ''rala” pra burro.
Graduação e pós.
Fica mais fácil para o currículo?
É o que dizerm.
Mas fácil, ou não, um dia a gente consegue o emprego.
Daí você “rala” no trabalho.
Extrapola, horas extras, se esforça, batalha...
...e vai indo...indo
Então, um dia você casa, arranja filhos, e...
...tem que ''ralar'' mais.
Aliás, cá entre nós, a isso se chama de ''kit burrice''
Bem, até aí nada de mais.
Mas...(sempre cruel um ''mas'' no meio da história)
Dependendo de onde você nasceu...''ralar'' é pouco, para um pouco como recíproca.
Tava pensando.
Era ''cruzeiro'', depois ''cruzeiro novo''.
OH! maravilha, agora a coisa endireita.
Mas (outra vez ele)...não endireitou.
Veio outra ''mágica''. Ah, o ''cruzado''. Ora vejam.
Seria um verdaeiro cruzado para salvar a economia.
Mas logo mingou, e virou ''cruzado novo''.
Mas nem ele teve cacife.
Pois é, a coisa continuou desandada.
Logo depois voltou o ''cruzeiro'', que logo virou ''cruzeiro real''.
Aliás alguém disse que era muita realeza para tão pouco.
Depois, ficou só ''real''
E, nessa epopéia foram-se os sonhos e fantasias.
E, você olha pra trás, e vê perdidos seus melhores anos.
Se perderam em meio a incompetência.
Sua?
Talvez.
Talvez, por tem aceitado dançar conforme a música.
Talvez por ter se calado.
Talvez por não ter procurado outros horizontes mais justos.
Talvez por ter se resignado ao papel de um triste herói.
O triste herói que toureia as mazelas que impõem a você.
Talvez por ter errado na escolha.
E nesse ''talvez'', lá está a juventude perdida.
Os sonhos perdidos
As doces fantasias de chegar um dia naquele ''lá”.
Um ''lá'' que nunca viu, nem sentiu, porque nunca existiu.
O ''talvez'' levou você por labirintos tenebrosos, repletos de mosntros ameaçadores.
E hoje, resta se equilibrar num tênue fiapo de fio, para ver se sobrevive,ao labirinto e aos monstros, o que é muito diferente de viver naquele ''lá'', que você sonhou em sua doce e ingenua juventude.

É, pois é. Sem dúvida esse é um conto azedo...e bota azedo nisso.

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