Responsabilidade
Márcio Barker
Responsabilidade
Márcio Barker
A Paz Começa com um Sorriso
Márcio Barker
Conto originalmente publicado por DenkZeit (Pensa Tiempo)
1)
A enorme fila anuncia, em alto e bom som, o tempo perdido.
O coração bate irritado, inconformado, chateado.
As horas se arrastam, os pés doem, e a raiva dá o tom, num rosto compreensivelmente tenso.
Você se agita. Olha de um lado ao outro impaciente. Impaciência justa!
Vontade de xingar, de gritar alto contra a incompetência.
As pessoas parecem robôs. Rostos estáticos.
Sem expressão.
Você se volta para trás, com mil reclamações engatilhadas.
E escuta simplesmente:
''Pois é. Logo chega a nossa vez''.
E, como brinde, um sorriso...
2)
Já são horas, se arrastando dentro do carro.
Mais uma vez o infernal trânsito!!!
Todo santo dia, a mesma coisa!
A mesma coisa, todo santo dia!!!
Horas perdidas, que poderiam ser bem outras.
Sim! Poderiam ser bem outras, aquelas horas, que são perdidas!!!
Se pergunta como sobrevive até hoje!
Meu Deus, como até hoje sobrevivo!!!
Vou embora daqui!
Sumir!!!
Deixar esse inferno para trás!!!
Sim!!! Está decidido!!!
Vou sumir!
Desaparecer!!
Não levarei saudades!!!
Mas...
Finalmente, no fim da triste epopéia.
Alguém o espera...
...com um sorriso.
Nem tudo é um inferno...
3)
Anoitece.
Diante do espelho, esfrega os olhos.
Lá estão eles vermelhos, cansados, como um olhar roto.
Não é para menos.
Que dia!
Foi daqui, prá ali.
Não bastasse, também foi de lá, para o lado de lá.
Ah, sim. e voltou dalí, prá aqui.
E do lado de lá, para o lado de cá.
Mil coisas a resolver.
Coisas mil que poderiam ser simples...
Eram sim, bem simples. Mas...
Quantas vezes se gosta de complicar o simples.
Bem! Não importa!
Entre ir e vir, e vir e ir.
Entre o dalí prá cá, e o de cá prá ali.
Apesar do simples que foi complicado.
Apesar da árdua luta para descomplicar o simples...
...a tarefa foi feita.
Bem feita.
À contento.
E com mérito.
Sim! Apesar de tudo, com muito mérito.
Serão muitos os beneficiados...
...e mesmo que fosse só um...
O bem foi feito.
Deitado, cansado e ainda agitado.
No escuro, fechando devagar os olhos.
A grande recompensa.
O sorriso de satisfação que sela a sua paz.
Inspirado,
tarado (no bom sentido),
romântico.
Mas últimamente....
indiferente,
sem graça.
Riso fácil,
piadista...
Mas de uns tempos pra cá,
emburrado,
sem graça.
Tudo eram rosas,
perfumes.
Mas já há tempo...
Só espinhos...
e mau cheiro.
O futuro era sempre uma poesia,
vitalidade, força, impulsivo.
Mas não é de hoje,
que o futuro é um monstro,
e o espírito brocha só revela fraqueza...desânimo.
Olhar pra valer, deve ser pra cima...
Agora um andar cabisbaixo nem olhar tem.
Puxa! Admito o que era,
e o que o espelho hoje mostra.
Entretanto vejo que você ainda gosta de mim.
Sei que é sincero, mas por que?
Bem, entre o antes e o depois,
Alguma coisa boa deve ter sobrado!
Se entregar,
jamais!!!
Rebelde!!!
Márcio Barker
internet
Rebelde, não importa a hora.
não importa o tempo.
Rebelde, não importa a época.
Fazendo da contra mão, uma prece.
Nadar contra a corrente.
Caminhar contra o fluxo.
Não gosto da burrice unânime.
Faço pouco, e o ''estabelecido'' não me agrada.
Ignoro a censura dos que me parecem idiotas.
Me insurjo contra a pasmaceira,
o conformismo,
o lugar comum,
odeio o pré-estabelecido,
o falso moralismo,
códigos.
Rebelde?
Será?
Com causa?
Ou sem causa?
Das causas perdidas?
Das causas impossíveis?
Faz das utopias seu discurso.
Mistura prosa com poesia,
mete a poesia na prosa.
Boas ideias,
inovadoras,
revolucionárias,
insurgentes,
devem ser defendidas com paixão.
Espectador?
mas não só. Sou personagem também!
Rebelde?
Será?
Com causa?
Ou sem causa?
Das causas perdidas?
Das causas impossíveis?
Não importa.
Se com, ou sem, disso, ou aquilo...
Mas sempre rebelde!
Não me corrijo...e prossigo!!!
Mau Negócio
Márcio Barker
Insônia, pesadêlos....
e no dia seguinte...sonolência!!!
Mal dormindo...mau humorado,
que coisa chata!!!
Manco, daí lento...devagar,
diria mais, vagaroso...se arrastando.
Ô coisa chata!!!
''Vamos! Vamos''!!!
Não adianta. A pressa não faz mais parte de seu dicionário.
Chato!
Dado a azias, terremotos ano-intestinais, enjôos.
Ah, também dado a regurgitar almoço e janta, sem falar do lanche.
Pobre estômago mau tratado, mau cuidado...arrebentado.
Gases, flatulência, desarranjo, mau hálito.
Maus odores tanto de lá,
quanto de cá.
Fale a verdade,
Não é chato????
Quando deita, dá uma...
dá duas...
dá três...viradas na cama e...
dorme...
Que coisa mais chata!
Prá respirar,
só na base de gotas no nariz e nebulização
Terrível!!!
Pilulas é o que não faltam.
Magnésia para o estomago...
...também para o restauro da flora intestinal...
...para baixar o que sempre foi baixo...
...e....para ver se sobe...o que sempre subiu...
Muito chato!
E, durante a conversa, são necessários vários decibéis...
...´para que escute alguma coisa...
muito chato.
Olha, sejamos sinceros, eu acho que você fez um tremendo mau negócio!
Mas peço um favor.
Antes que me dispense...
Dá um tempinho, pois ao menos uma coisinha boa tenho pra você.
Um bocadinho de sinceridade
E um tantão de amizade...
Não sei se compensa, mas é de verdade verdadeira
Viu?
Quando o Cometa Passar
Márcio Barker
Quando o cometa passar,
vou sair por aí, cantando e pulando!
Sim!
Quando o comenta passar,
se eu encontrar você, vamos papaear muito!
Quando o cometa passar,
vou correr pelas ruas, procurando histórias para ouvir e contar!
Quando o cometa passar,
vou procurar meus amigos, para rirmos com nossas piadas.
E quando o cometa passar,
prometo que percorro aquela estrada de cabo a rabo.
Quando o cometa passar,
também prometo que vou reparar em todas as cores ao alcance de meus olhos.
Quando o cometa passar,
sei que vou procurar motivos para rir...rir muito!
Quando o cometa passar,
vou me vestir de azul e branco, minhas cores favoritas.
Sim, porque quando o cometa passar
quero ouvir o pulsar dos corações,
ver os olhares matreiros,
irônicos,
humorados,
insinuantes,
apaixonados!!!
Mas...
Cadê o cometa???
Será que passsou, e eu não vi?
Então vou esperar que passe outro...
Não, não.
Prá que esperar???
Prá que?
Precisa???
Dói mais para quem fica
Márcio Barker
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Um rápido aceno de mão.
Um sorriso pálido.
Daí o carro arranca rápido,e vai sumindo...
...sumindo até a próxima esquina.
Desaparece.
No meio da rua, olho para o lado...
Casa vazia!!!
Mas como??? Se até um minuto atrás, não estava!
Entro.
Coração apertado.
Olho pra cá...
Olho pra lá...
Que coisa!!!
Até agora pouco, estava ali,
aqui,
lá...
...ocupando todos os espaços...
barulhenta...risonha.
Mas...sumiu, não resta nada.
Incrível!!!
Presença colorida...
...sofrida ausência.
Mas, naquele silêncio eloquente, a percebo em cada canto.
Ali no sofá,
Ah, sim, na mesa da cozinha,
Passando pelo corredor,
No quintal...
Ao meu lado.
Na cama.
Eu a percebo em cada canto...
...e também em mais nenhum.
Dou de ombros...já devia ter me acostumado.
Mas não me acostumo.
Já não tenho mais idade pra isso...
Mesmo quando bem sei que, depois de cada partida,
vem o próximo encontro.
A vida nunca dá nada de graça.
A vida nunca dá um pacote completo.
Ééééé...isso eu bem sei...
Mas chega um momento,
que bem que poderia ser diferente...
bem que poderia não ser assim...
Não é?