quarta-feira, 13 de julho de 2016
Coragem
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Coragem - Márcio Barker Imagem retirada de http://migre.me/ulF8f |
O despertador chama você, e você cria coragem para atender o seu chamado.
Sentado na cama, com coragem pensa o que está à sua espera.
Se é um frio de rachar.
Coragem para entrar no chuveiro.
Depois...coragem para sair do chuveiro.
Mas isso não é nada.
Coragem para vencer uma longa distância,
Debaixo de condições tão cruéis, só para chegar ao trabalho.
Coragem para abrir o jornal.
Coragem para enfrentar o que ele contará a você.
Em especial o caderno de política...éééé haja coragem.
Coragem para checar o saldo bancário...
Já no décimo quinto dia do mês!
Coragem para aguentar papos furados.
Coragem para ouvir lamúrias bobas
Coragem para enfrentar arrogância
Coragem para sorrir sem vontade...
Coragem para reconhecer um novo amor
Coragem para deixar tudo para trás
Coragem para assumir nova vida
Coragem para não fugir do desconhecido
Coragem até para fazer o caminho de volta para casa.
Coragem para sair da mesmice
Coragem para ousar.
Coragem até, para ficar aqui,
falando a vocês, sobre coragem.
Que coragem...haja coragem.
Mas creio que é o reconhecimento de que, tanto você, quanto eu , somos verdadeiros heróis anônimos do cotidiano, nessa megalópole.
E para isso...ora, haja coragem! Concorda?
Bem, não sei quantas vezes repeti a palavra coragem.
E, por que não, um brinde a nossa santa coragem de todos os dias!
sexta-feira, 17 de junho de 2016
Insistir é preciso
Insistir é preciso Márcio Barker Imagem retirada de http://migre.me/u8mF5
Se ladeira é cada vez mais íngreme
Não faz mal, o folego já é bem maior.
Teimo,
Insisto,
Continuo,
Não desisto.
Não gosto de grupos,
pois me sufocam
Não tenho crença,
pois também me sufocam
Detesto regras.
Pois minha regra é a exceção à regra
Ainda insisto em olhar os bons traseiros,
das boas donzelas
que abundam por aí.
Ainda canto e danço o genuíno rock n´roll.
Se me perguntam que horas são.
Digo que não sei, nem faço questão de saber.
Sou inimigo mortal de horários.
E se juro que vou deitar cedo quando cair a noite,
e se também juro que irei levantar cedo quando começa o dia.
Bem sei que continuarei deitando quando amanhece o dia...
e despertando quando chega a tardinha.
Faço do bom humor a minha arma.
Não escondo o pouco caso a quem não me agrada
E se me censuram, não ligo, nem me incomodo.
E não estou nem um pouco aí, dependendo de onde vem.
Também não me importo se os anos passam.
Que passem!
Que se vão!
E daí???
Não os vejo passar...
...nem passarem por mim.
E vou indo por aí.
Me arriscando até, a me apaixonar perdidamente,
outra vez!!!
É isso aí!
Insistir é preciso!!!
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Morri
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Morri - Márcio Barker Imagem retirada de http://migre.me/u8mxK |
Por que o pasmo??? Todos morrem, por que eu também não posso morrer?
Bem, claro, fui direto para o céu!
Hummm...quanta pretensão, não é?
Mas fui sim!
Cheguei lá todo lampeiro, muito à vontade, e já fui entrando.
Foi aí que me chamaram:
´´Ei! Ei!, onde vamos???´´
Era um sujeito com um aspecto que nunca vi. Claro, imaginei que fosse um anjo, apesar de ter notado a falta daquela roda em cima da cabeça, e de um pelo par de asas.
´´Está falando comigo?´´ Perguntei.
Ele fez uma cara como se dissesse:
´´Não, com a sua avó!´´
Mas não chegou a dizer. Aliás, pobre vovó, já se foi há tempo!!!
Bem, daí ele me chamou para o lado dele. E foi dizendo:
´´Vamos dar uma checada no seu prontuário, não é?´´
Prontuário!!! Mas até aqui existe essas coisas??? Que coisa!!!
E ele ficou lendo o tal do meu portuário. Humm, às vezes mexia os olhos na minha direção. Vocês sabem como é isso, não é?
E foi dizendo finalmente:
´´Hummmm...mal aluno na escola, vagabundo, não fazia direito as lições, notas vermelhas. Era bom na cola. Repetiu alguns anos. Éééé...começamos bem, não? Coitado do seu pai!. Aliás, para sua informação, ele está no céu.´´
Éeééé...deveria estar mesmo, só pelo fato de ter sido meu pai.
Mas daí, me irritei, e parti para minha auto defesa:
´´Ora, vamos, tenha dó. Dê um desconto eu era criança...moleque...´´
E ele me interrompe:
´´Ah! Sim. Quanto a isso não tenho dúvidas. Moleque! Desordem, vagabundagem, pneus esvaziados por você, ovos nas cabeças de passantes, campanhias tocadas em casa dos vizinhos, e por aí vai.´´
Ahhhh! Me enfezei! E energicamente esbravejo:
´´Pois bem. Escute aqui. Não sou apenas maldade. Para provar invoco o testemunho de dois cachorros que recolhi das ruas, e adotei!!! Tá aí, ó!!!
E ele confirma:
´´ Sim, sim. Já vi. Dois vira-latas que o senhor recolheu da indigência das ruas. Sim, quando chegaram, eles fizeram questão de vir até aqui, e testemunhar, por escrito, a seu favor. Até que enfim algo de bom, não´´?
E ele era ainda irônico. E continua:
´´Mas vamos em frente. Olhares safadamente camuflados para as namoradas dos amigos, fofoqueiro do tipo que gosta de ver o circo pegar fogo, duas caras, sem vergonha, torrava dinheiro do pai, com bobagens...´´
Daí interrompi novamente.
´´Sim, meu caro anjo. Tudo isso perto do que estamos vendo por aí, não é nada! Mas também estudei, trabalhei prá, e como burro, casei, me emendei, cuidei, e muito bem, de quem deveria cuidar, nunca fui perdulário, nem safado...ééé com algumas raras exceções, admito. Mas antes que você diga que não fiz nada mais do que minha obrigação, digo, que fiz por amizade. Bonito, não?´
E ele: ´´Mais ou menos´´.
E o papo continuou, entre pecadões e boas´´ açõezinhas´´. No final, ele olha para os números da contagem, e se espanta tremendamente, e diz:
´´Nunca vi acontecer isso antes. Meu Deus, e agora?´´
Fiquei aflito. O que terá havido? E ele continua:
´´Preste atenção. A sua pontuação o livra do inferno!´´
Fiquei surpreso, se bem que há ouvi dizer que o inferno tem seu lado divertido, será? E ele continua:
´´E sua pontuação também o livra do purgatório. ´´
Fiquei feliz. Já falaram que é um lugar chatérrimo, sem a menor graça.
E o anjo continua:
´´Entretanto, sua pontuação não permite que entre no céu!!!! E agora???´´
Humpt! Éééé...só comigo mesmo. E agora??? Mas sobreveio uma ideia.
Me aproximo do anjo, e sugiro:
´´Seu anjo, vai aqui uma sugestão para o impasse. Qual? Simples. Me devolva novamente ao mundo dos mortais. Me deixe bastante tempo por lá, para que haja um desempate. Que tal? Daí veremos para onde irei´´.
Ele olhou prá mim com um sorriso meio maroto, meio espantado. Não disse nada.
De repente!!! Me vejo no chão do meu quarto. Tinha caído da cama? Teria sido verdade tudo aquilo? Ou apenas um sonho?
Bem, em todo caso, vou vivendo de um pecadinho aqui, uma boa ação alí, cuidado para não sair do empate. Éééé...o segredo é esse. E assim vamos ficando por aqui, enquanto der.
Seja sincero. Não é uma boa???
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Tá difícil? Tem jeito
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Tá difícil? Tem jeito - Márcio Barker imagem retirada de http://migre.me/tYFwa |
Já fiz mandinga
Dei nó em pingo d´´agua
Tirei leite de pedra...
...e nada!!!
Já fiz promessa
Já fui à cartomante
Já chorei e me esgoelei...
...e nada!!!
Já comprei terno novo...
Gravata de seda...chic, ééé...
E até sapato...de cormo alemão, viu?
...e nada...você não viu...
Nem ligou
Já tentei andar sobre a água
Em me atirar do viaduto,
Ou até debaixo de um trem...e...?
Nada!!!
Desisti!
Sabe o que mais???
Estou lembrando de alguém que minha avó sempre falava.
Vou bater um papo, que possa me ajudar.
Ela falava sempre de Santo Antônio!!!
Será que ele dá um jeito?
domingo, 24 de abril de 2016
Sem alça e sem rodinha
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Sem alça e sem rodinha - Márcio Barker Retirado de http://migre.me/tBt49 |
De repente, não mais que de repente, ele aparece.
O perfume logo o denuncia. É forte, doce, impregnante.
Outro indício: o abraço demorado e forte, tipo quebra-costela e bafo na orelha.
Ah, sim. E se houver beijo, é do tipo bem babado.
Ele sempre chega de repente, de imprevisto, nas piores horas.
E raramente se apercebe do passar do tempo.
Parece ter um assento de chumbo, pois nunca se levanta.
O fôlego é extraordinário, pois desconhece a boa utilização do ponto, e da vírgula.
Fala sem parar. Assuntos, infinitos.
Graça? Só das próprias piadas...geralmente infames.
Olhos irrequietos. Ziguezagueantes.
Durante os seus monólogos regados a perdigotos, as mãos buscam freneticamente os botões da camisa do interlocutor.
Usa relógio...mas nunca o consulta.
Aceita cafezinho, lanche, almoço e janta.
Pródigo em comentários infames expõe a falta de tato, delicadeza e sobriedade.
Gargalhadas imensas colocam a nu, sua suscetibilidade ao humor...de gosto duvidoso.
Mas o pior, é que o personagem geralmente é do tipo ´´bonzinho´´.
E, para finalizar, repentinamente, ele chega perto de você, e dispara: ``Escuta, você tem aí uma nota dez para me emprestar?´´
Hummm...naturalmente um dez que você nunca mais verá...
Seja sincero...é duro, não???
quarta-feira, 13 de abril de 2016
Morena Canela
MORENA CANELA
Márcio Barker
SOFISOFIA
Brasil. Primeira metade do século vinte.
Em meio a uma sociedade recatada e cá entre nós, também preconceituosa, lá estava a figura colorida que atiçou o coração de muitos poetas.
A figura que subvertia, sem querer subverter.
Que provocava, sem querer provocar.
E que cutucava...sem querer cutucar
A figura de pele morena, nem branca, nem escura
Café com leite...é...longe da frieza lapidar do cinza!!!
Não! Não! Não! Muito pelo contrário!
Aquela figura, fruto de uma alquimia rara.
Coisa própria de poucas latitudes e longitudes desse mundão afora.
Terras nas quais os corações se cruzam e entrecruzam tranquila e despreocupadamente, apesar de diferenças disso, ou daquilo.
Sim, Porque o que importa...são os sentimentos!
E seja lá como for, inspirando o poeta, ou nós, os pobres mortais das ruas, não deixamos de reconhecer o consenso geral: a da figura ímpar jamais escapou do olhar atento do estudioso das coisas brasileiras.
Como também inspirou o cantador dessas mesmas coisas desse país.
Como ainda chamou a atenção do olhar sério, severo e atento, do pesquisador que folheia, lê e relê o passar do tempo brasileiro.
A mesma figura a ser admirada tanto pela beleza quanto pela presença forte na história de uma nação.
A mulher que vence o preconceito e que já deixou de ser sinônimo de samba, carnaval, sexo e figura exótica, para ser simplesmente: mulher! Com toda força que essa palavra tem.
Sim!!! Aquela mulher de pele morena canela...que eu acho tão bonita...tão bonita!!!
domingo, 27 de março de 2016
Haroldo
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Haroldo - Márcio Barker imagem retirada de http://migre.me/tmlDf |
Colega da faculdade, bom sujeito, porém do tipo bobão. Aéreo, distraído, parecia viver em outra dimensão. Crédulo, um típico inocente, sempre ´´certinho´´.
Não costumava ir aos encontros da rapaziada, evitava barzinhos, festinhas e, quando ia, ficava visivelmente deslocado, incomodado.
Namorou pouquíssimo, ´´casos´´ então, raros. Ficava vermelho e angustiado quando eu dizia:
´´Para de ser besta, tenta aproveitar a vida...em todos os sentidos...inclusive aquele, viu???´, ´ e era sempre nesse ponto que ele me interrompia, com raiva e cara fechada.
O coitado era do tipo recluso, discretíssimo. Foram poucas as experiências, digamos, mais íntimas, com o sexo oposto, tanto assim que, prá lá dos vinte anos teve problemas com a fimose.
Se formou, foi trabalhar, casou. Que pena, tão cedo! Enquanto eu estava por aí na farra, ele batalhava pela família.
Casado, se colocou em segundo plano. Nasceu a primeira filha, foi para terceiro, nasceu o filho, foi para o quanto plano.
Um dia eu o encontrei.
´´E daí, como anda a vida´´.
Prá variar, como bom paulistano veio com o velho e surrado chavão:
´´Muito trabalho, não tenho tempo prá nada, ando cansado..´´
Perguntei se não tinha tempo prá nada, e nem para o ´´inclusive´´. Ficou bravo:
´´Gosto da minha mulher´´.
E eu disse:
´´Sim, eu sei, tudo bem, mas nada impede...AH!AH!AH!´
Se enfureceu. Me perguntou se não tinha vergonha. Eu disse que não!. Aliás, fazia questão absoluta de não tê-la.
Por isso sempre fui alvo de cerradas censuras por parte de Haroldo.
É...mas as vida e suas armadilhas... Certo é aquele ditado que diz: ´´Dessa água não beberei´´.
Um dia o acaso colocou na frente do Haroldo, uma linda morena. Aliás, cá entre nós, também é o meu fraco.
Não houve jeito. O demônio o cutucava com tridente curto. O convidava a pecar com aquela mulher. Sussurava no ouvindo de Haroldo:
´´Vai, idiota, deixa de ser besta. Olha só o que apareceu na sua frente!!! Aproveita!!!´´
E, olhem que a mulher era linda, simpática, inteligente... enfim, como todas as mulheres!
Haroldo fez de tudo para resistir. Jurou, se revoltou, xingou, expulsou, reagiu, lutou...mas cedeu aos encantos da maravilhosa morena. Logo ele, o probo, o puro, o inocente, que até há pouco tempo teve problemas com a fimose, por falta de uso...
Após cada tarde de loucuras, gemidos, gritos, declarações, suores, ardores e ardumes, Haroldo se imaginava alvo de todo tipo de censura. Via olhos e dedos em riste o acusando. É...a consciência não perdoa. Principalmente a implacável consciência dos ditos ´´puros´´, não é verdade? Daqueles que se julgam acima de qualquer crítica. AH!AH!AH! Bem feito.
Haroldo se perdia no corpo daquela doce e demoníaca mulher. ´´Demoníaca´´ uma ova, apenas uma bela mulher. Se perdia em cada desvão, curva, reentrância. Se perdia e não fazia questão de se reencontrar. Navegava pelos lindos cabelos, explorava cada rincão daquele lindo corpo, com mão sudorentas e trêmulas. E agora? Pecava ou estava apenas vivendo as cores da vida?
Quando terminava, se colocava no patíbulo onde são executados os pecadores da pior espécie. Era um nojento, impuro, sujo, asqueroso. Era o que havia de pior. Um traidor que merecia o mais implacável castigos.
Chegava em casa. Mal olhava para os filhos, não tinha coragem. E quando a santa mulher o encarava, via no rosto a expressão de quem havia descoberto seus pecados horrendos.
Taquicardia, dor de cabeça, tremores, baixa temperatura nas extremidades. Espinha congelada, cabelos em arrepio. Pobre Haroldo.
Um dia, no máximo do desespero e da vergonha, se confessou comigo. E eu não hesitei em dizer:
´´Ótimo, Haroldo. Parabéns! Finalmente, heim? É isso aí. Temos que comemorar. E sem problemas na fimose?´´
Me olhou com desprezo. E, seco, disse: ´´Você não presta! Não vale nada!´´
Eu, né? Não liguei, e o aconselhei: ´´Se um dia você for pego, lembre-se: negue. Negue sempre, em alto e bom som. Se pegarem você na cama com outra, negue: Quem é? Não conheço. Tive uma ausência. AH!AH!AH!AH!´´
Um dia pegaram. O cretino resolveu levar um sabonetezinho do motel, como lembrança.
´´HAROOOOLDOOO!!!´´
Gelou!!!
´´O QUE É ISSO QUE ESTAVA NA SUA CARTEIRAAAAAA???´´
A pobre mulher foi pegar um trocado para dar ao filho que ia à escola. Achou o sabonetezinho!!!
E aos berros, prosseguiu:
´´Só por curiosidade, seu canalha, vagabundo, e safado. . ONDE FOI QUE CONSEGUIU ESSE SABONETE???´´
O tal sabonete chamava-se ´´Tara´´. Claro, coisa que não combinava com o Haroldo.
E o ´´carrasco´´ prossegue:
´´Então, com o quê, heim? O santificado homem anda escorregando, não é? Falso, tarado, sem vergonha, cretino, traidor, don Juan, malandro, mau-caráter, libertino, canalha, vagabundo, safado e , metido a sedutor!!!´´ (se bem que ´´metido´´, não, sedutor mesmo!!!)
Pobre Haroldo. Vivia a antítese daquele seu mundo, no qual viveu desde menino. Fico imaginando até hoje, porque não usou aquele argumento meu, do ´´negar sempre´´. Bem, ele nunca foi imaginativo.
Coitado, mas conseguiu safar-se, graças a um enfarte fulminante. Eu entendi, para ele foi mais rápido, objetivo e prático... não seria capaz de viver num mundo, sem o chão que ele imaginou.
´´Pecar´´? ou não ´´pecar´´? Depende da interpretação de cada um do que é ´´pecar´´. Não é?????
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
Uma moeda... Três faces
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Uma moeda... três faces - Márcio Barker imagem retirada de http://migre.me/t1B6G |
A Primeira Face da Moeda:
Ele chegou, e foi contando que em sua casa...
...era maltratado...
...vilipendiado...
...xingado...
...injuriado...
...injustiçado...
...não reconhecido...
...ofendido...
...incompreendido...
...mal entendido...
E que por tudo isso...
...pressão subia...
...ereção caia...
...suores noturnos...
...desencanto...
...amargor...
...insônia...
Pergunto: mas já discutiram seriamente uma separação?
Daí:
Num sorriso amarelado...
...desconversou...
...repetiu a piada surrada...
...ofereceu uma água...e...
ficou por isso mesmo.
A Segunda Face da Moeda:
Ela chegou, e foi contando que ele era...
... bruto...
...estúpido...
...insensível...
...tarado...(no mal sentido)
...sem imaginação...
...só beijava quando trepava (não sei se com língua ou não)...
...fazia dela empregada...
...já sem grande firmeza peniana...
...incapaz de um carinho...
...mão de vaca...
...incapaz de um presentinho...
...egoísta...
...divagações imorais (sexualmente falando)
...um chato...
...sem graça...
E que por tudo isso...
...pressão subia...
...frigidez..
...palpitações...
...suores noturnos...
...desencanto...
...amargor...
...insônia...
Pergunto: já discutiram seriamente uma separação?
Com um ódio vermelho...
...não aguento mais...
...já avisei...
...vou embora...
Pergunto: mesmo? A promessa é antiga.
Para quando afinal???
Daí:
Num sorriso amarelado...
...desconversou...
...repetiu a piada surrada...
...ofereceu uma água...e...
ficou por isso mesmo.
Terceira face da moeda
Você entendeu? Nem eu!!!!
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Mas, e daí?
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Mas, e daì? - Márcio Barker imagem retirada de baixaki.com |
Os beijos que perdi
Os abraços que não dei
Um doce carinho que não percebi
A lágrima escondida
O sorriso contido
A lembrança esquecida
O grito sufocado
O carinho sem destino
A amizade desaparecida
A gargalhada que não se escutou
O olhar que ninguém percebeu
A torcida que não deu certo
A esperança caída
O lamento engolido
A oportunidade que escapou
O horizonte cada vez mais distante
A recordação que vai se apagando
O amigo que morreu
O doce que perdi
Mas e daí?
Ora, tudo bem...
Se ao menos não perder você!
sábado, 9 de janeiro de 2016
O Buffon
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O Buffon - Marcio Barker |
Há quanto tempo me olha assim? Uns nove anos.
Olhar sempre atento. Orelhas em pé. Nariz em estado de alerta.
Por que me olha, caro Buffon?
Bem, certamente um petisco é sempre bom, e você não perde a oportunidade.
Mas sei que também me olha, porque gosta de mim.
Safado. Encontrei você numa feira de adoção.
´´É de raça? Ou é um ´dog street?´´
Me garantiram que você era um pincher!
Uns dias depois você tinha dobrado de tamanho, e descobri que era mestiço pastor alemão. Que belo pincher, não?
Hábil mastigador de sofás, de telefones sem fio, destrinchador de travesseiros, ´´urinador´´ em pneus de automóveis, imbatível no sequestro de sanduíches e de bifes distraídos, você demonstrou logo sua habilidades como malandro e vigarista.
Não consegui ficar com raiva, a não ser momentaneamente. E, claro, você sabiamente sabia quando fazer uma saudável retirada estratégica. É apenas um pouco de ´´pastor alemão´´, e um muito de vagabundo vira latas. E sempre saudei essa sua segunda natureza com entusiasmo...questão de empatia, sabe?
Mas hoje fiquei triste com o seu olhar. Percebi pelos brancos em você!!!
Sim, lá estão eles dando a volta ao seu notável focinho.
Se me permite, apenas um desabafo: Que merda!!!
Não sei se você sabe, mas tenho saudavelmente evitado o espelho. Ô, coisa ruim, não?
Mas em parte fico tranquilo e, ao mesmo tempo me espanto.
Sim. Me espanto com sua habilidade de nunca crescer.
De ser o sujeito subversivo, safado, sem vergonha, ´´entrão´´, bagunceiro, desordeiro, cara de pau...que sempre foi. Puxa!! Graças a Deus, não?
Acho que foi por isso que só agora notei os tais odiosos pelos brancos em você.
Buffon, o eterno arruaceiro, que ainda, vez por outra, se distrai arrasando vasos de plantas, subindo em sofás, metendo as patas sujas no peito de quem chega.
Mas também é o Buffon do olhar meigo, amigo, caridoso e companheiro, nas horas aflitas de solidão e de tristeza.
É o camarada que se faz entender sem dizer uma única palavra.
É ainda um sábio, um mágico que, na sua simplicidade tão rebuscada, entende o que vai lá no fundo do meu coração.
Meu caro Buffon, a você minha homenagem.
Grato por ter sido o que sempre foi.
E continue longamente, sendo o que é!!!
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