quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

                                                         Poderia ter sido...mas...

       Márcio Barker

                imagem internet

O encontro casual...sorrisos...

...sorrisos que poderiam ter sido...

...mas não foram.

Histórias e recordações que poderiam ter sido contatas...mas...

...ainda não existem.

As mãos dadas...

Palavras doces... que nunca foram ditas

O carminhar displicente,

por um caminho perdido, não se sabe de onde prá onde.

olhares distraídos de alegria...

olhares que nunca existiram,

mas poderiam ter existido.

Rostos que se encantaram.

Que se namoram

Almas gêmeas que nunca se encontraram

Beijos e abraços que jamais foram dados...

Amizade intensa, que não existe...

mas bem que poderia ter existido.

Ironias da vida...fazê o que?


sábado, 10 de outubro de 2020

Minto sim, viu? E daí?

                     Minto sim, viu?  E daí?

Márcio Barker


internet

Já no corredor, encontro o médico. E pergunto.

''E daí, doutor, e o caso do seu Péricles. O que me pode contar?''

Balançado a cabeça, vai dizendo:

''Caso dificílimo, realmente grave. Não podemos prometer nada. Comoo senhor sabe, a medicina ainda tem seus limites. Situação muito ruim. Nâo tenho boas perspectivas.''

Que pena! Pobre Péricles. Até que não está tão velho...

Entro no quarto. E o Pèricles vai dizendo:

''Finalmente opero amanhã. Quero resolver isso logo. Já encheu o saco.''

E eu:

''Pois é, já soube. Acabei de encontrar o médico. Aliás, muito boas perspectivas. Cirurgia rápida, recuperação também. Me disse que, em três ou quatro dias você sai daqui. Que bom!''

No dia seguinte fui vê-lo. O companho até a sala de cirurgia, e digo:

''Boa sorte, Périckles.  Trate de voltar logo daí, falou?''

Fez um sinal de positivo, e foi para a cirurgia.

Não voltou...mas  foi feliz...despreocupado.


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Cruzo na mesma calçada com o Onésimo. Só o reconheci quando me chamou. Não era para menos, estava todo diferente.
''Ué, é você? Prá onde está indo assim?
E ele me conta:
''Fui convidado para uma reunião mais ou menos chequérrima'. Tinha que me 'produzir', tá certo?''
Olhei. 
Paletó marron, camisa amarela, calça azul marinho, sapatos morrons e meias brancas. A cinta era uma variação do abobóra.
Me pergunta ansioso:  
`'E daí? Gostou? Não foi barato. Paguei caro.''
``Legal''. Eu disse, e completei:  
``Destaque para a gravata (Vermelha). Você está muito elegante...quem sabe um pouco moderno, mas está ótimo.''
Ele agradeceu feliz.
E mais feliz ainda lá foi ele para a sua reunião mais ou menos elegantérrima.

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Um cara que nunca esqueci foi o Olvídio. Era daqueles que dava e dava cabeçada na vida, mas tinha o dom de sempre sobrevivver, além de um otimismo ímpar, sempre com sonhos de literato...de um poeta, afinal era, também, um romântico irredutível.
Repentinamente o encontro num balcão de padaria. 
''Olvidio, meu amigo, há quanto tempo!''
Os olhos se iluminam ao ver-me. Animadamente  responde ao meu cumprimento.
''Puxa, que bela surpresa! Ainda outro dia lembrei de você''
E, sem mais delongas, já foi contando as novidades. Tinha feito um curso aqui, outro alí. Participado de simpósios, mesas redondas, congressos, tudo sobre literatura. Sim! Ele persistia em ser um literato.
Recordo que seu forte eram rimas do tipo ''amar'' com ''estar'', ou, ainda, ''amor'' com ''dor''.
 E, lá pelas tantas anuncia, em alto e bom som:
''Estou 'poetanto'. Sim! De verdade. Encontrei a minha verdadeira veia. A arte de falar nas entre linhas. Revelar-se em símbolos, descobrir o aqui e o ali. Tenho até meus escritos. Se quiser mostro a você, estou procurando onde editar.''
E no auge do entusiasmo escolhe um de seus escritos, e o declama para mim:
''Miseravelmente,
resisto demente,
no ardor de tal amor.
Quisera saber se é mesmo um amor...
ou resune-se apenas em um novo ardor''.

Profundo! Digo a ele.
''De fato você navegou nas profundezas de um universo único, ímpar, singular, indiscutível. Nota-se a sua irrefreável busca pelo que se esconde entre dois pulsares de um coração, digamos, valente. Parabéns! você tem futuro. Prossiga. Não faltarão candidatos a editores de seus textos. Orgulho de nossa amizade''.
Estufa o peito. Um sorriso que   vai  de uma, até a outra orelha. Olhar confiante, ele parte feliz...como nunca.
Ah, Olvidio...

                                            //////////////////////////////////////////


Foi numa reunião que a vi de longe.
Era a Renata, o desespêro de minha juventude.
Coxas magníficas, seios estondeantes, boca deliciosa, mulher que me levou a loucura.
Mas o tempo não deixa ninguém prá lá, e a pobre Renata era hoje,apenas  uma mera sombra de outras épocas..
Me aproximo. Ela me viu toda sorridente.
Abraço, e vou dizendo:
''Sempre admiro quem engana o tempo. Em você, Renata, parece que  ele não passou''
Ela me olha marotamente e me fulmina:
''Por que você mente?''





terça-feira, 6 de outubro de 2020

Amanhã vou sair por aí

                  Amanhã vou sair por aí

Márcio Barker 

internet

Não é pouca a vontade. 

Prá ser sincero, é muita!

Vou sair por aí.

Vou parar ali, na esquina, que tem uma sorveteria daquelas.

Quero duas bolas do de limão, e uma de côco. 

Ah, sim, depois passo logo ali, na pastelaria.

Mando um de carne com ovo, 

e outro de queijo, bem cheio de óleo.

Olho de lado, e vejo um templo,

ela, a pizzaria.

''Quero uma meia a meia - aliche e mussarela''

Ah, sim, com guaraná''

Vou pegar uma estradinha,

sei que logo alí tem pamonha.

AH!!!! Que maravilha de pamonha.

Quentinha, saborosa...bem doce.

Docê?

Será que encontro aquele carrinho de doces?

Eu sempre encontrava quando saia com minha mãe.

Sabe? Nele tinha bala almofadinha,

tinha também aquele doce de gelatina, com chocolate,

o Dan top.

tinha machadinha, e...

o que eu mais gostava,

 pirulito em forma de galo,

de açucar queimado.

Nossa, que maravilha!!!

Mais prá frente, lá esta outro carrinho,

o do algodão doce!!!

''Mãe, compra prá mim, vá?''

E, claro, ela comprava

Logo, vinha aquele cheiro irresistível. Dela, a pipoca!!!!

Nem precisava pedir.

Ela não só comprava, 

Como carregava o pacote.

Sim, pois na minha mão esquerda estava o algodão doce.

Na outra, ele, o meu amado pirulito.

TInha pena de chupá-lo,

Para que o simpático e doce galinho, não sumisse.

Ah, mas que vontade de sair, não por aí, mas  por lá...

....lá, bem longe, por  onde passei os sonhos e sabores,

de quando era pequeno...

Pena que a gente cresce, não é?????


terça-feira, 29 de setembro de 2020

 

Música & História

A Doce e Libertadora Anarquia

istockphoto
Cabelinho curto, bem penteado, elegante, muito bem comportado, obediente, estudioso, quem sabe também religioso, somente bons pensamentos (ao menos teóricamente)
Cabelos compridos, caprichosamente, penteados, elegante (saia bem prá baixo dos joelhos), muito bem comportada, obediente, virgem, provavelmente normalista,  estudante de piano (clássico), alma e desejos cândidos (ao menos teóricamente)
Receitas clássicas, consagradas, indiscutíveis, reservadas a uma parcela significativa da população. Quem? Os jovens. (Logo eles)
Regras que se contrapunham a natureza rebelde, curiosa, insaciável, incansável, alegre, do jovem, seja lá de que época ou lugar.
É daquela época um curioso ditado: ''Ninguém nega que tanto os bêbados, quanto os casais furtivos de namorados,  tenham um anjo da guarda poderoso''. Não é mesmo?
A sisuda sociedade da primeira metade do século vinte, impunha um código absurdo para o que julgava o ''bom comportamento''.
Um bom exemplo era o namorico na sala de casa, ou no máximo, no portão, sob olhares marciais que controlavam qualquer deslise (principalmente das mãos), maior proximidade física, ou alteração do volume na região pélvica masculina.
Estava próximo o confronto entre essa repressão e a rebeldia. Em plena década de cinquenta, no pós guerra, não havia cabimento prosseguir nessa situção.
E o rompimento veio. De repente, inesperadamente, chocante, rompedor. Não haveria mais volta. Era a ãnsia pela liberdade, a busca do reconhecimento, era um grito que dizia: ''Eu estou aqui! Eu existo! Quero meu espaço!!! Me respeitem!!!
Era o grito do jovem. E, por trás dele, a irreverência, as cores, a safadeza, o  humor debochado,de um gênero musical que ganhava espaço, na contramão: o rock'n roll!
Olhem só.



segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Música & História 02 - Noel Rosa

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Noel Rosa


Noel Rosa
Márcio Barker

google


Viveu bem pouco, mas...viveu!!! Os poucos anos vividos por Noel Rosas, valeram por muitos mais.
É de se perguntar, como um camarada que chegou apenas aos vinte e seis anos, pode deixar composições incríveis. Ele foi um cronista de seu tempo. Irônico, humorado, satírico, romântico, aliás, diga-se de passagem que, seu romantismo ia bem além da simples rima, ''dor'' com ''amor'', aliás surradíssima.
Mas, se Noel se notabilizou com um romantismo praticamente único, ele também soube falar, e muito bem, das coisas do cotidiano.
A inspiração de Noel estava nos seres humanos com quem cruzava, em seu dia a dia carioca.
De coisas praticamente banais, desapercebidas, simples, sem importância, Noel Rosa sabia tirar a essência para composições únicas.
Exemplos não faltam. E, um ótimo exemplo está numa passagem que ocorreu com Noel, na cidade de Campos, no Rio de Janeiro.
Conta-se, que numa excursão naquela cidade, alguém se aproximou, e pediu uns dez mil réis, a Noel Rosa. Pediu emprestado, e que, na semana seguinte pagaria.
Noel emprestou.
Passou uma semana...bem, na verdade foram várias as semanas passadas, e Noel nunca mais viu quem pediu, e muito menos os dez mil réis.
Se isso acontecesse comigo, ou com você, é bem provável que, no mínimo iríamos espumar de raiva.
Mas Noel era Noel. Esse fato desagradável serviu como inspiração, para um ótimo samba, em forma de carta: ''Cordiais Saudações''.
Ouçam, e divirtam-se com o humor e inteligência de Noel Rosa


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Um Pouco de Música & História

                      A Voz do Povo
Márcio Barker



pinterest


Mal iluminada, suja, poças d'água.
O local é uma zona portuária que, como todas as zonas portuárias é um universo particular.
O caminhante vai zanzando, dependurado em seu cigarro já meio fumado.
Embalado, e distanciado de suas tristezas pelo álcool, ele cantarola uma canção. Ela fala de amores, desamores, desencontros sentimentais, de mulheres inalcançáveis, amores impossíveis. Já é meia madrugada, e aquele boêmio não tem pressa de regressar. Talvez até se pergunte, ''para onde''?


Senta numa mesa, de um dos infinitos bares ordinários, sujos. Mas um universo de sentimentos, olhares perdidos, paixões, que o bandoneon e a guitarra traduzem em magníficos tangos.
Era a Buenos Aires das primeiras décadas do século vinte.




whereyart.net

Na avenida, o cortejo segue firme. Algumas pessoas empurram um pequeno carro, onde está o caixão de quem morreu. Atrás, rostos duros, tristes, lágrimas, inconformismo, tristeza, almas abandonadas pela tristeza. Mão com mão, mão no ombro, mão que afaga uma cabeça desconsolada. E, lá atrás, a música triste, que fala de uma angústia inconformada pela partida.
O som de uma tristeza cortante, induz as lágrimas, os lamentos, a dor. Trompete, trombone, clarinete, banjo e o whasboard, dão o tom. É a banda.
Tudo é inconformismo, pela perda, pela partida, pela ausência.
E, compasso por compasso, a banda exalta aquela dor. É o respeito diante da morte.
O caixão desce a tumba em meio a orações e lágrimas de todos. Uma última flor é jogada. Depois pás de terra selam o final de mais uma existência.

Rebirth brass band
Então, como mágica, na volta, a banda toma a frente, tocando, por exemplo a alegre ''When the saints go marching in''.
Atrás, o cortejo toma outras cores. As cores da alegria, felicidade, esperança, exaltação. Todos dançam, riem, pulam, sorriem, e a banda, compasso por compasso, exalta aquela alegria.
O som é de uma  felicidade contagiante, que induz os corações a pulsarem vida.
Sim!!! É a alegria pela continuidade da vida...seja aqui...seja em outra dimensão, porém, vida!
New Orleans, na mesma época, comecinho do século vinte.

fotosearch




O clima é quente. No ar respira-se as cores do local. Morros verdejantes de um lado. O mar de outro.
Despojado, aquele rapaz caminha pela calçada, da rua de um bairro periférico.
Alegre, cuida bem de sua companhia. Sim, a companhia que estará ao seu lado, para falar de amor e desamor, mas em tons leves. Também, para falar do doce cotidiano descompromissado, humorado, engraçado, de um ser que, como ele, pupula pela cidade bonita, colorida, iluminada e alegre. Aquela companhia, daquele rapaz, também o ajuda a ter esperança, e não deixar a vida desandar: o violão. O mesmo violão que poderia ser um ''passaporte'' para a cadeia, já que, na época, ''era coisa de vagabundos''.
nosso.jor.br

Logo, ele encontra amigos, que, numa esquina, ou varanda farão aquela bela roda de risadas, cervejas e muita música.
Ali reunidos, cada qual empunha seu instrumento. Pode ser flauta, violões, cavaquinho, bandolim, pandeiro, quem sabe um acordeon, dizem que até piano. Mas fiquemos nos cinco primeiros. Sim, mais baratos, leves e, nem por isso, menos virtuoses (claro, desde que em boas mãos).
E, entre um ''vamos tocar essa'', e ''vamos tocar aquela''. Alguém lembrou de um violonista virtuose e  compositor inspirado.
João Pernambuco.
Rio de Janeiro, na mesma época. Inicialzinho do século vinte



Rosa Carioca, com Leandro Carvalho

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Tá Tudo Bem

                Tá tudo bem

Márcio Barker

intenet

Sabe? Outro dia, caminhando pela rua, tive a impressão de ver você.

Estava do outro lado da rua.

Pensei em ir até lá, e dizer algo. Mas não deu tempo.

O seu ônibus chego antes...

Ééééé...mas tá tudo bem.

Outra hora nos falamos...

E no meio do corre-corre da cidade,

tenho certeza que vi você lááááá´...bem longe...

no meio do mundaréu de gente.

Quis falar com você...

...mas a hora estava apertada...

Fazê o quê?  Tá tudo bem.

Hoje recebi um cartão pelo correio,

com uma mesagem impressa.

Dizia: ''Até qualquer hora''.

E do outro lado do cartão,

a letra que reconheci.

Estava escrito assim: ''Te vi...de longe. Não deu prá falar...fazê o quê?''

Não faz mal. Outra hora, quem sabe...

tá tudo bem.

O ônibus chega.

Subo, e de longe reconheço seu rosto, olhando para o meu.

Acenamos. Algo foi dito...mas não nos escutamos.

Fazê o quê? Tá tudo bem.

Tarde da noite.

Vindo em sentido contrário, na mesma calçada,

um vulto que advinho de quem seja.

Nos aproximamos,

nos reconhecemos,

nos olhamos,

nos calamos.

Apenas nos perguntamos.

''E daí,  tá tudo bem?''


domingo, 20 de setembro de 2020

             Amigo

Márcio Barker

internet

Amigo.

Já pensou sobre essa palavra?

Pode ser chato,

grudento.

Pode ser mudo, ou falante pelos cotovelos.

Pode ser palpiteiro,

falar nas horas erradas...

...mas... é um amigo!!!

Pode não ter hora prá visitar você.

E muito menos para ir embora.

Aquele cara distraído,

que não se dá conta do tempo.

É...

mas é seu amigo!!!

Quem sabe aquele que está sempre duro.

E não liga em pedir...

Mas é o mesmo que,

quando você está duro,

não se importa em dar o quanto que você pede.

Pois é, seu amigo, não é?

Ele pode chegar fora de hora.

Falar na hora errada.

Mas que também é aquele que diz aquela palavrinha que dá alivio.

Além disso, pode também, chegar na hora que você precisa.

Amigo???

Sim...não é?

Brigou com você...

disse cobras e lagartos...

fez cara feita...

saiu pisando firme e batendo a porta...

desagradou você...

Pois é...mas ele  tinha razão...

e amigo, que é amigo, 

não é aquele que só passa a mão na sua cabeça.

Então, me escute...

cuide bem, de seu amigo...mas amigo de verdade....

Ele está aqui para o que der e vier.

VIU????




quinta-feira, 17 de setembro de 2020

                        Apesar de...

Márcio Barker

internet

Por que a alegria intensa no encontro...

...apesar da certeza da separação próxima?

E por que tanta pressa em ir...

...apesar  da volta  inevitável?

Por que   tanta certeza...

...apesar de,  no íntimo,  restar uma dúvida?

Por que me preocupo tanto por você...

...apesar de sua vida não me pertencer?

Por que a alegria no alvorecer...

...apesar da melancolia do entardecer?

Por que a pressa em chegar...

...apesar da imensa distância que falta?

Por que a ânsia em estar lá...

...apesar de ainda estar aqui?

Por que sonhar...

...apesar de saber que logo despertará?

Por que tantas dúvidas...

...apesar  de saber que esse mundo é uma incerteza?


Por que? Por que? Por que?

 ''Por quês'' que nada valem...

...mesmo que existam infinitos ''Apesar de...''

E a vida segue.










quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Ode ao Palavrão

                                                                  Ode ao Palavrão

                                                             Márcio Barker

                                                                  gazetadopovo.com.br

Eu gosto muito de palavrão

Verdade, gosto mesmo, digo e assumo. Podem discordar de mim. Estou com o palavrão, e não abro.

O palavrão significa liberdade, nos deixa a vontade, evitando floreios inúteis.

O palavrão é um verdadeiro condimento da narrativa. Ninguém como o palavrão,  para melhor descrever,  melhor esclarecer, melhor indicar, melhor demonstrar.

O palavrão é aquela liberdade que falta. É colorido. É forte. É bem definido. É humorado.

O que seria do cotidiano sem o palavrão? Inócuo, sem graça, descolorido, sem criatividade. Sim, porque o palavrão é extremamente criativo. Em uma palavra ele resume mil.

O palavrão, como poucos, desafoga os corações, liberta a mente, pois ele desabafa, coloca prá fora o  que está sendo reprimido  E aquilo que oprime, o palavrão manda prá bem longe.

Ele é sincero, não há lugar para meias palavras, pois o palavrão é, o que é.

Está com taquicardia? Nó na garganta? Dor de estômago? Insônia? Amolecimento prematuro? Ora, não hesite, e dá-lhe palavrão na hora certa. Daí irá experimentar a doçura, a leveza, o frescor de uma alma leve

Verdadeiro eligir  do bom humor, é o palavrão. Com o palavrão , arrancamos a máscara do cotidiano.Ele nos deixa mais sinceros, à vontade.

O palavrão facilita  a comunicação, pois é capaz de dar o significado a algo, em apenas uma única palavra, ou seja, ele mesmo.

É criativo, engraçado, humorado, simples, prático, representativo, libertador..

Assim sendo, me permitam, e quem não gostar, fazer o quê? Mas dou aqui um VIVA ao palavrão. 

Sem ele eu não sobreviveria.




quarta-feira, 27 de maio de 2020

Simplesmente

                                                                Simplesmente
                                                           de Márcio para Gisela






Na mesa, duas xícaras.
No ar, o aroma mágico do café recém servido.
Do lado de cá da mesa, um olhar sereno, simples.
Do lado de lá...um ligeiro sorriso.
Na calçada, a caminhada tranquila,
uma simples caminhada.
Mãos dadas...olhares doces.
Sorrisos esboçados.
Desse lado de um banco da rua, desejos pequenos.
Do lado de lá, do mesmo banco, os mesmos desejos simples.
Desse lado, bate um coração,
do mesmo modo que bate o outro coração do lado de lá.
Pulsarão até a eternidade,
movidos pela grandeza da simplicidade de cada dia.
E pela infinita amizade de cada segundo.
É o nosso caso, não é Gisela, meu amor.?
Amo você
Parabéns por mais uma etapa vencida
E por outra que tem inicio hoje.

sábado, 28 de março de 2020

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                                           Anúncio
                                                                   Márcio Barker
                                 
                                     OPORTUNIDADE
                                                 Meu  Coração – VENDO

                                                               flayclipart
Estou disponibilizado meu coração.
Já meio rodado, mas não cansado. Livre de álcool e nicotina,

pois não fumo nem bebo (às vezes um licorzinho). 

Bate bem. Média entre  70 a 80 RPMs. 

Dada a baixa rotação,  o desgaste é pouco, dándo a ele uma razoável expectativa.

Não é velho, no máximo antigo (existe uma grande diferença entre velho e antigo) 


É antigo, porém muito bem conservado.

Válvulas aórtica e mitral sem fuligem, lubrificadas e em bom funcionamento. 

Ausência do chamado “sopro”. Válvula tricúspide, idem. Portanto, nada de válvula presa.

Bom trânsito sanguíneo tanto no ventrículo esquerdo, quanto no direito.


Suporta bem sustos, stress, corridas atrás de ônibus perdidos, ausência de elevadores. Não engasga em escadas.


Batimento normal, sem arritmias. Não desanda nem sai do compasso.


Resistente a taquicardias e acessos de raiva, pois raramente esteve sujeito a tal.  Uma das vantagens de um bom coração - tanto no sentido lato, quanto no figurado.


Ao contrário de seus congêneres em idade, não é do tipo “surrado”, ao contrário, ainda é sujeito a paixões!!! 


Já entusiasmos, alegrias, objetivos, esperanças e bom humor, provocam nele,  funcionamento enérgico, compassado e firme.

Livre de  maus hábitos alimentares, não possui placas, entupimentos ou mesmo semi-entupimentos, o que favorece um funcionamento leve e livre de entraves.


Tal condição permite, grande fôlego, circulação e oxigenação à vontade,  inclusive nas extremidades,  fator de grande relevância,  para o espécime humano do sexo masculino.

Apesar da quilometragem, ainda é motivado a novas

emoções.  
Prático, é frio quando absolutamente necessário à sua própria sobrevivência.

Não desanima, não rateia, não derrapa, não queima óleo, não falha, livre de angina,  arritmias, resistente a decepções.

Exemplar único. Oportunidade igualmente única. Não perca.
Vale à pena conferir.


Aceito ofertas.
E daí, você compraria?