![]() |
O Elixir dos deuses - Márcio Barker |
As últimas luzes da tarde anunciam horrores. No descampado o grito horrendo, vindo das primeiras sombras. O ar falta e o coração dá pulos. Um fantasma pavoroso me assalta no escuro de uma sala. Sinto escorrer algo meloso, mal cheiroso e pegajoso nos meus pés descalços. Adiante uma luz tênue, que eu nunca alcanço, por mais que eu corra em sua direção. E, com o canto dos olhos percebo um rosto maldito ao meu lado.
Tudo roda, e eu corro para não sei onde. Asfixia! O ar não entra, e sinto que não vou suportar muito mais. A mão nojenta crava as unhas na ferida aberta que tenho. Apavorado eu corro, me escondo, busco proteção. Não é o remédio. Como última solução, arranco de não sei onde uma espada, e cravo no coração do assombroso dragão. Ele cai, mas terá apenas uma única cabeça?
Eu urro e, de sopetão me levanto com os punhos serrados. Aos poucos tudo se aclara. Diante de mim, a minha veneziana, que permite passar a doce luz do sol.
Puxa vida, mais uma noite de luta contra meus medos e preocupações, em forma de fantasmas e dragões que me assolam. Sinto um misto de alívio e de um novo temor. Mas medo de que? Do lado de cá da janela do meu quarto, os fantasmas me assolam durante a noite. Do lado de lá da mesma janela, sei lá o que me espera e o que me espreita, em mais um dia. Não! Ao contrário, eu sei bem o que me espera. E por saber, arrasado, quebrado, mal humorado, abismado, desiludido tento me levantar. Não tem outro jeito. Tenho que ir adiante.
Como a noite apavorante, mais um dia me espera lá fora. Não há como escapar. Um dia que só poucos sobrevivem a tantas mazelas. É necessário coragem e inteligência. É necessário ser arguto, ter visão de um lince ou gavião. Ou ainda o andar macio e garras de um felino, a frieza e dissimulação da serpente, os dentes de um tigre, a força e agilidade do leão, e a paciência da coruja. E, debaixo do peito, apesar dessa carapaça, a grandeza no coração. É, mais um dia que não será fácil de vencer. E nem sei bem o que terei a vencer! Mais um terrível dia no qual tenho que ser vários. Que tenho de multiplicar-me sei lá por quanto, para ganhar mais uma batalha, e provar a mim mesmo que mereço a vida que ganhei, não sei de quem. Eu tenho que buscar forças. E nada vem de graça. A força que adquirida, aliás não sei bem como, nasce lá de dentro.
E, ali diante de mim, sinto passar um doce perfume. Um perfume que vai colorindo meus pensamentos. Que vai provando que o dia não será tão ruim assim. É um perfume mágico de algo que me dará força para acordar do pesadelo mal desperto, que me trará de volta a vida, que fará de mim um forte, e que me fará vê-la em todas as suas cores. É o elixir dos deuses ao alcance de minhas mãos... uma simples xícara de café.
Tudo roda, e eu corro para não sei onde. Asfixia! O ar não entra, e sinto que não vou suportar muito mais. A mão nojenta crava as unhas na ferida aberta que tenho. Apavorado eu corro, me escondo, busco proteção. Não é o remédio. Como última solução, arranco de não sei onde uma espada, e cravo no coração do assombroso dragão. Ele cai, mas terá apenas uma única cabeça?
Eu urro e, de sopetão me levanto com os punhos serrados. Aos poucos tudo se aclara. Diante de mim, a minha veneziana, que permite passar a doce luz do sol.
Puxa vida, mais uma noite de luta contra meus medos e preocupações, em forma de fantasmas e dragões que me assolam. Sinto um misto de alívio e de um novo temor. Mas medo de que? Do lado de cá da janela do meu quarto, os fantasmas me assolam durante a noite. Do lado de lá da mesma janela, sei lá o que me espera e o que me espreita, em mais um dia. Não! Ao contrário, eu sei bem o que me espera. E por saber, arrasado, quebrado, mal humorado, abismado, desiludido tento me levantar. Não tem outro jeito. Tenho que ir adiante.
Como a noite apavorante, mais um dia me espera lá fora. Não há como escapar. Um dia que só poucos sobrevivem a tantas mazelas. É necessário coragem e inteligência. É necessário ser arguto, ter visão de um lince ou gavião. Ou ainda o andar macio e garras de um felino, a frieza e dissimulação da serpente, os dentes de um tigre, a força e agilidade do leão, e a paciência da coruja. E, debaixo do peito, apesar dessa carapaça, a grandeza no coração. É, mais um dia que não será fácil de vencer. E nem sei bem o que terei a vencer! Mais um terrível dia no qual tenho que ser vários. Que tenho de multiplicar-me sei lá por quanto, para ganhar mais uma batalha, e provar a mim mesmo que mereço a vida que ganhei, não sei de quem. Eu tenho que buscar forças. E nada vem de graça. A força que adquirida, aliás não sei bem como, nasce lá de dentro.
E, ali diante de mim, sinto passar um doce perfume. Um perfume que vai colorindo meus pensamentos. Que vai provando que o dia não será tão ruim assim. É um perfume mágico de algo que me dará força para acordar do pesadelo mal desperto, que me trará de volta a vida, que fará de mim um forte, e que me fará vê-la em todas as suas cores. É o elixir dos deuses ao alcance de minhas mãos... uma simples xícara de café.
Nenhum comentário:
Postar um comentário