Frustração
Márcio Barker
Vou confessar uma coisa. Sabem o que?
Eu gostaria de ser um vagabundo! Pois é. Isso mesmo, um vagabundo.
Mas não um vagabundo largado, abandonado, idiotizado, perdido.
Não! Não!
Um vagabundo sim, mas com classe.
Aquele vagabundo elegante, perfumado, que usa desodorante, penteado, barba bem escanhoada.
Um vagabundo culto, bom de papo, conversa cativante, olhar sedutor, gestos finos, marcante.
Um vagabundo meio errante, apenas vivendo a vida que ganhou, não sei de onde, ou de quem.
Um vagabundo que não se importa com o amanhã, que ri do passar do tempo, que dá de ombros às tristes e tolas ansiedades do contidiano.
Eu gostaria muito de ser um vagabundo, que caminha por aqui e por aí, sobrevivendo graças a pequenos golpes indolores.
Aquele vagabundo que cala a boca da consciência, manda o relógio às favas, que pisa nas reprimendas.
O vagabundo que sorri, e se alegra de ter vivido mais um dia, e não ter dado bola para o pecado, e quem inventou o pecado.
Gostaria de dar voz a esse vagabundo que está escondido não sei onde, dentro de mim.
Um vagabundo sem ninguém, sem preocupação, sem paixões tolas, sem aflições inúteis.
Eu gostaria de ter prá mim, e em mim, esse vagabundo...
Mas, pobre de mim, pois até para ser um vagabundo tem que ter classe, ser competente...mas eu não fui, nem sou competente.
Sim, pois é necessário muita competência, para ser livre...como esse vagabundo que sonhei...
Que pena!!!
Imagem de Antonio Benni
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